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Os escalenos

Muitas pessoas tem dificuldades em perceber como estes músculos tão pequenos e que teoricamente estão ligados apenas a respiração como acessórios, podem tem uma grande importância clínica na avaliação de seus pacientes.


Os escalenos são divididos em três músculos, os anteriores (em vermelho) tem origem nos processos transversos de C3-C6 e inserção na primeira costela, os médios e posteriores têm por vezes suas fibras fusionadas em um grande único músculo, mas os escalenos médios (em azul) tem origem em C2-C7 em seus processos transversos e alcançam a primeira costela também, já os escalenos posteriores (em verde) têm origem em C5-C7 em seus processos transversos, mas inserem-se nas segundas costelas na face superior mas posterior.


O que estes músculos podem fazer além de tracionar as costelas para superior como auxiliares na respiração? Eles possuem a capacidade, devido a direção de suas fibras de concentricamente flexionar o pescoço e inclinar o pescoço lateralmente durante uma inclinação lateral ipsilateral da cabeça.


Se utilizamos estes músculos por tempos prolongados como acessórios na respiração ocorre que diminuímos a pressão torácica durante a inalação e quase inibimos a pressão positiva abdominal, muito útil para estabilização do núcleo, gerando uma instabilidade na coluna espinhal, como já comentado em outros artigos aqui no blog.


Mas tão problemático quanto tensão e overuse pode ser o excesso de alongamento dos escalenos, principalmente dos escalenos anteriores, se estas fibras estiverem travadas em uma posição alongadas, elas podem criar um comprometimento neurovascular.


A artéria subclávia, que alimenta toda a extremidade superior, passa entre os escalenos anteriores e médios, e posterior a artéria está o plexo braquial por onde passam diversas raízes nervosas, que inervam toda a extremidade superior.




Se realizarmos uma má abordagem aos escalenos, podemos alterar a sensibilidade dos membros superiores, gerando dormência nas mãos, uma alteração de propriocepção também pode acompanhar essas alterações, o que quer dizer que o controle motor está insuficiente.


Para inibir a inclinação da cabeça para um dos lados o organismo compensa as forças de tensão e a cabeça para a inclinar-se e para que os olhos percebem o horizando em uma linha reta, a cabeça tende então a “transladar” para o lado da tensão.


A sensação do paciente é que ele deve alongar o lado que está “alongado” aumentando então os sintomas.


Muitas vezes a cabeça está a frente da linha lateral do corpo, tentando reduzir uma tensão nos escalenos de forma bilateral. Considere orientar seu paciente a respirar de forma apropriada, controlar melhor a coordenação dos escalenos, administrar as dores e disfunções com terapias manuais e liberações instrumentais ou manuais como digitopressão massagem profunda ou mesmo agulhamento (mas tenha cuidado) esta região é muito próxima de artérias e nervos e podem gerar tonturas, náuseas e desconforto no paciente.


O que fica importante de salientar é que esses três músculos não trabalham de forma isolada, mas em conjunto como uma unidade funcional, lembre-se sempre: “o cérebro nada sabe de músculos apenas de movimento”.


Em alguns estudos mais recentes foi possível observar a atividade eletromiográfica dos escalenos mesmo nas inspirações mais suaves, mas será que isso não ocorra porque a maior parte da população respira de forma errada mesmo? Considerando a respiração apical uma coisa natural, pensando que essa respiração apical está relacionada a pessoas com alto índice de estresse e ansiedade, é o que pode estar alterado e não apenas estes músculos serem realmente auxiliares do diafragma na respiração pense nisso!!


Sim quando eles encontram-se tensos tracionando a primeira costela, somada a um ombro mais deprimido, ou uma clavícula horizontalizada, podemos encontrar uma síndrome de compressão do plexo braquial ou Síndrome costoclavicular.


Em pacientes com dores recorrentes, que realizam trabalhos manuais como maquiadores, cabeleireiros, pessoal que realiza a micropigmentação de sobrancelhas, ou até mesmo terapeutas manuais, é comum encontrarmos LER e DORT e muitas vezes trabalhamos a dor apenas, ou apenas sintomas, mas não podemos esquecer dos nervos, do trajeto deles e onde estes podem estar comprimidos causando sintomas a distância.


Devemos observar como os escalenos estão envolvidos próximos de nervos e como podem causar disfunções no plexo braquial e nervos que movimentam a escapula como o nervo longo torácico, causando dor nas costelas e possíveis disfunções em serráteis, nervo supraescapular, que é responsável pela inervação de supraespinhal e infraespinhal e também o ervo dorsal escapular ou da escápula, que corre por toda a borda medial da escápula.




No nosso próximo artigo vou trazer um pouco a abordagem do trabalho neural, como realizar mobilizações neurais, para que elas servem e como testar seu paciente.



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