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Os melhores exercícios de estabilização do core para facilitação subcortical da neuroplasticidade: U

Artigo Original:Best core stabilization exercise to facilitate subcortical neuroplasticity: A functional MRI neuroimaging study


Autores:Do Hyun Kim, Jae Jin Lee, Sung (Joshua) Hyun You.


Tradução: Fisioterapeuta Lucas Job



Introdução:


A estabilização do core/núcleo é subconsciente, a coordenação dessa musculatura pode manter uma postura otimizada e um alinhamento dinâmico dos membros superiores e inferiores durante os movimentos como alcançar e deslocar (1).


Nos seres humanos a atividade de estabilização do core já vem de fábrica ou seja, é geneticamente determinada em uma programação do Sistema Nervoso Central(2) podendo evoluir para uma antecipação (feedforward) dos músculos do profundos do core (diafragma, transverso do abdômen, multífidos, e assoalho pélvico)(3).


No desenvolvimento neuropsicomotor normal a criança descobre por si só como estabilizar a espinha e o tronco, de forma subsequente inicia o rolar, o pivotar e as seguintes fases do desenvolvimento (4).


Em alguns casos a coordenação do core não se desenvolve da maneira correta, nos casos mais graves é decorrente de uma lesão do sistema nervoso central ou Paralisia cerebral, mas em casos de apenas falta de atividade, coordenação ou disfunção musculoesquelética pode levar a outras alterações como por exemplo dor lombar (5,6).


Recentemente as manobras de expansão e estabilização abdominal (ADIM) e Estabilização Neuromuscular Dinâmica (DNS), apresentaram-se como uma força de reduzir dores lombares e melhorar o equilíbrio postural (Balanço Postural) (7,8).


As manobras de expansão abdominal envolvem seleção consciente da ativação do transverso do abdômen e oblíquos internos para melhorar a contração dos estabilizadores da coluna lombares, primeiramente contraindo-os e puxando a barriga contra a espinhal, ou o “umbigo em direção às costas” (9).


Já o método DNS utiliza-se de uma sincronização subconsiente de ativação da musculatura profundo e global para gerar uma pressão intra-abdominal mais efetiva associada a uma estabilização inteira da espinha(7).


Ambos os métodos já provaram sua eficiência em gerar ativação da musculatura estabilizadora mas os mecanismos por onde cada um trabalha no córtex ainda permanecem desconhecidos.


Este é o primeiro estudo que compara os dois modelos e sua ativação consciente e subconsciente, seguida das mudanças corticais e subcorticais, mecanismos de controle e relações entre as áreas cerebrais de adultos com instabilidade.


A hipótese dos autores seria que ocorrem diferentes alterações neuroplásticas nos mecanismos conscientes (ADIM) e subconscientes (DNS) para reagir a estabilização do core.



Objetivos: Investigar os efeitos conscientes (ADIM) e subconscientes (DNS) de exercícios de estabilização do core, em mudanças corticais de adultos com instabilidade de core.


Participantes: Cinco sujeitos não-sintomáticos com instabilidade de core, com idade de 24,20 +/- 2,38 anos, com altura de 164,40cm +/- 11,41cm e peso 60,52+/- 10,68Kg.

Instabilidade de core foi definida como a incapacidade de estabilizar uma pressão alvo de 64-70 mmHg (com o aparelho de biofeedback) durante o teste Leg Lowering Test, ou teste de abaixamento das pernas.


Este teste é executado da seguinte forma, o sujeito em supino eleva as pernas (flexão de quadril) uma de cada vez, com os joelhos em extensão, até o ângulo de 90º, e deve realizar uma extensão de quadril bilateral, de forma lenta, sem curvar a lombar, ou realizar tilt anterior da pelve. (Kendall et al, 1993; Norris, 1995). Foram excluídos participantes com lesões neurológicas e/ou musculoesqueléticas ou ainda com claustrofobia.


Métodos: Uma tarefa específica de core foi solicitada aos sujeitos para alterar entre atividade neural cortical e subcortical durante as séries de exercícios do DNS ou ADIM.


Os exercícios foram realizados durante três dias consecutivos, ao menos 30 minutos. Durante os treinamentos de estabilização foi utilizado um ultra-som em tempo real, uma ecografia, para proporcionar feedback visual aos participantes, sobre seus músculos alvo o transverso do abdomen, oblíquo interno e externo do abdomen.


Para os exercícios ADIM os participantes foram solicitados a realizar um movimento de puxar o abdômen para dentro tocando o umbigo na coluna, enquanto mantinham uma pressão com biofeedback(similar a um aparelho de pressão da o feedback em mmhg) e a postura neutra da coluna lombopelvica (9).


Os exercícios do DNS seguiram o protocolo que estabilização do método, e após isso, executar flexão dos quadris seguida de extensão entre 90º e 70º, mantendo uma pressão de 20mmHg no aparelho de biofeedback, que estava colocado no calcanhar da perna oposta que realiza o movimento.


Similar ao exercício a baixo, - imagem meramente ilustrativa não exatamente igual a realizada no estudo.




Para captura da Ressonância magnética Funcional foi realizado um protocolo de 30 segundos de descanso, seguidos de 30 segundos de exercícios ora ADIM ora DNS mais 30 segundos de descanso mais 30 segundos de exercícios ou ADIM ou DNS.


Resultados: A análise do fluxo sanguíneo durante a ressonância magnética funcional revelou uma distinta atividade cortical, com diferentes padrões durante a performance do DNS, onde a área cortical motora foi primariamente ativada durante os ADIM. O pico de volume apresentou diferença significativa a favor do DNS (11.08 ± 1.51), comparado ao ADIM (8.81 ± 0.21) (p = 0.043).


Conclusão: O exercícios ADIM ativaram a região rede cortical que representa tronco e abdômen no Córtex motor primário mais o córtex somatosensorial e área suplementar motora, enquanto os exercícios do método DNS ativou as mesmas regiões corticais e ao mesmo tempo o cerebelo-gânglios da base-Talamo-Cíngulo, que são regiões mais primitivas do córtex relacionadas ao aprendizado subconsciente, leia mais no artigo Fatores neurobiológicos sobre tomada de decisão, para compreender melhor o que cada uma dessas áreas está realizando de forma isolado e como o conjunto de ações delas funciona para o aprendizado motor.


O mais interessante do estudo é que ele nos permite compreender que estratégias diferentes nos guiam para resultados clínicos diferentes, onde você poderá acessar o subconsciente de seus alunos ou paciente proporcionando-os melhoras mais consistentes, lembre-se que este estudo foi realizado em pessoas sem disfunções ou dores, o que poderá alterar alguns dos resultados, mais estudos ainda deverão ser realizados em diferentes populações para obtenção de resultados mais assertivos.



 

Referências













  1. Ryerson S, Byl NN, Brown DA, Wong RA, Hidler JM. Altered trunk position sense and its relation to balance functions in people post-stroke. J Neurol Phys Ther. 2008; 32: 14-20.

  2. Pang MY, Yang JF. Interlimb co-ordination in human infant stepping. J Physiol. 2001; 533: 617-625.

  3. Hodges PW, Richardson CA. Feedforward contraction of transversus abdominis is not influenced by the direction of arm movement. Exp Brain Res. 1997; 114: 362-370.

  4. Frank C, Kobesova A, Kolar P. Dynamic neuromuscular stabilization & sports rehabilitation. Int J Sports Phys Ther. 2013; 8: 62-73.

  5. Mackey AH, Walt SE, Stott NS. Deficits in upper-limb task performance in children with hemiplegic cerebral palsy as defined by 3-dimensional kinematics. Arch Phys Med Rehabil. 2006; 87: 207-215.

  6. Grimstone SK, Hodges PW. Impaired postural compensation for respiration in people with recurrent low back pain. Exp Brain Res. 2003; 151: 218-224.

  7. Liebenson C. Rehabilitation of the spine: a practitioner’s manual. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins; 2007.

  8. Kobesova A, Kolar P, Mlckova J, Svehlik M, Morris CE, Frank C, et al. Effect of functional stabilization training on balance and motor patterns in a patient with Charcot-Marie-Tooth disease. Neuro Endocrinol Lett. 2012; 33: 3-10.

  9. Hodges PW, Richardson CA. Inefficient muscular stabilization of the lumbar spine associated with low back pain. A motor control evaluation of transversus abdominis. Spine. 1996; 21: 2640-2650.

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